DIA TRÊS
Hoje foi dia de arrumar o atelier. A Maria ajudou-me.
O atelier é o lugar sagrado do artista. É o seu espaço de recolhimento. É o local onde
a obra é produzida. Encerra em si mesmo todo um conjunto de energias que proporcionam
a criação. É uma espécie de santuário, uma catedral de criatividade.
Enquanto catedral / santuário, é um local de devoção, de
santificação de conhecimento, de experimentação de sentidos.
Este local muito especial, onde o artista concebe e
produz a sua obra, é muito importante para a coesão da obra. Este lugar, na sua
concepção de espaço fechado, equipara-se ao crânio, lugar onde o cérebro está
encerrado, protegido. O atelier é, de facto, o lugar protector da obra enquanto
está em processo.
Evidencia que ali, naquele lugar especial, o artista
ganhou uma batalha plástica. E este lugar especial, que é o atelier, tem uma
influência decisiva no processo criador do artista: é tão evidente a obra como
o lugar, o espaço onde a obra acontece.
O atelier é o espaço sagrado do artista. O reflexo do seu
trabalho e da sua alma. As pinturas de Matisse e de Picasso, tendo por tema o
atelier, mostram isso mesmo: o atelier é o tubo de ensaio onde as ideias se
tornam obra. Onde se potenciam todas as expressões. Onde o branco se torna cor.
Onde todas as expressões são
possíveis.
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