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CENTERING THE VOID

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O vazio primordial. Original. O vazio é um espaço sem dimensão. A dimensional. Sem espaço ou tempo. É um conceito que se situa fora do próprio espaço e do tempo. Fora do próprio pensamento. O vazio é um conceito que se contrapõe a cheio. O nada que se opõe a tudo. O Zero que se opõe a Um. O vazio é o Zero Potencial. Potencial de conter tudo. Antes de haver o que quer que seja, existia o vazio. Infinito. Sem dimensões. O espaço branco do silêncio. O verdadeiro vazio reside num céu sem estrelas. O buraco negro. O vazio que suga toda a luz. O vazio é um silêncio negro. Neste silêncio, neste espaço negro, pequenas gotículas de poeira começam a aglomerar-se criando uma espécie de centro gravitacional, centro este que vai crescendo aos poucos, vai ganhando luz e intensidade. Um ponto branco irrompe na noite. Paralelamente, centenas de milhar de gotículas de poeira configuram centenas de milhar de pontos enchendo o universo de pontinhos de luz. Aos poucos começam a configurar-se pequenos a

CONFINAMENTO 2.0

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  O impacto da pandemia tem sido devastador. Milhares de mortos, falência das estruturas, radicalismos que se exacerbam, economia ao desbarato. Não podíamos viver tempos mais terríveis. Mas, no entanto, prefiro ver esta pandemia como uma oportunidade. Ainda quero acreditar nisso. Quando do primeiro confinamento, pareceu que o mundo, de certa forma, se encheu de esperança. A terra parecia ter recuperado na sua essência, parecia que, através de uma terrivel praga, se estava renovando a si mesma, pois, de algum modo, o homem havia-se retirado de cena. Só por um momento. Desde sempre que o Homem tem procurado regressar ao paraíso primordial. Aponta esse objetivo como algo do passado, algo que já possuiu mas que por alguma razão do destino o perdeu. No início havia apenas um espaço interior e um espaço exterior. No espaço interior temos o coração e a mente. O coração é-nos acessível. A mente não. É no interior que a consciência cria a identidade. Duplicada em masculina e

22 ABRIL - BOTTLED

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O caminho segue mais há frente. Liberto-me do velho elixir da felicidade, gasto por nunca ser usado. A garrafa coném no esterior um rótulo, uma composição encimada pelo triângulo alquimista e suportada em baixo pelo símbolo alquimista da “Grande Obra”, aponta a fórmula alquímica da felicidade, que Vieira apresenta sob a forma de um rótulo numa garrafa vazia, à qual intitula “Elixirium Felicitous” ou elixir da felicidade.   A ausência de conteúdo numa garrafa vazia reforça a força da fórmula patente no rótulo, força essa ligada à forma ou maneira como o indivíduo lida / gere a sua própria vida, cuja fórmula é proposta por Vieira numa conjugação simbólica descrita anteriormente: elevação espiritual, florescimento, covergência sobre si mesmo, consciên- cia cósmica e armonia com a natureza. (José Vieira in Rompeschiena , Sonho de Uma Obra, Livro XX, Edição de autor em PDF, Novembro 2018, pág. 52).

22 ABRIL

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Caminhando por uma estrada um objeto sobressai: brilhando ao sol, uma bola de vidro com água no interior, está caída  sobre a relva. Apanho-a e bebo um pouco. Continuo depois o caminho deixando-a no mesmo  sitio. A bolha simboliza a água do mundo, nas suas duas vertentes - doce / salgado; salubre / doentio, contendo os dois opostos da água (na sua vertente líquida), o seu símbolo remete para o infinito, no sentido que o infinito contém os opostos. (José Vieira in Rompeschiena , Sonho de Uma Obra, Livro XX, Edição de autor em PDF, Novembro 2018, pág. 65).

15 ABRIL

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A jangada afundada. Havia esta jangada afundada junto ao leito do rio. Não era uma jangada. Era uma tela branca. Tinha uma imagem impressa em preto. Um personagem em posição fetal. Esta tela branca cruzara as margens do rio. E agora jazia ali abandonada. Esta jangada cruzara as águas da vida. As águas que constroem margens entre dois pontos, duas margens, dois lados opostos, o da materialidade e o do espiritual. Cruzar as águas do rio é abandonar o materialismo e abraçar a espiritualidade. Mas como na parábola de Buda 1 , ao cruzar o rio, devemos abandonar a jangada, para a não trazermos às costas o resto da vida. Mas mais que uma jangada abandonada, esta tela é também um passado que se abandonou, uma outra vida que se ultrapassou. E continuamos a nossa jornada... “Preso na rédeas do mercantilismo, o mundo vai fragmentando-se de colapso em colapso, recusando admitir que uma nova realidade espreita por entre as suas cinzas. / Uma nova ordem se impõe

11 ABRIL

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Sigo por um caminho de terra paralelo à margem do rio. Há medida que vou avançando vou-me libertando de alguns objetos que trago comigo num saco de pano. Estes objetos são as memórias de uma cultura apreendida ao longo de mais de 50 anos e que não se prendem apenas a esse espaço de tempo. Elevam-se muito para além disso, no genoma cultural familiar, nas suas tradições, passadas de geração em geração, nas normas nacionais, europeias e mundiais, que regulam os acordos sociais e económicos entre os indivíduos e entre as nações, todos eles modelados e controlados pelo poder do estado (político e religioso) e pelo mercado. Uma sociedade adormecida e embalada por ritos culturais que apenas servem para enaltecer e prolongar o  sonho. O primeiro objeto de que me desfaço, é de uma garrafa contendo um produto de limpeza: " Culture Cleaning " 1 . A garrafa, ao cair junto à margem do rio, está já vazia. Esgotada. Todo o produto desapareceu, de tanto ser usado. Esgotado, deixou d

3 ABRIL

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Pior que não viver é ter medo de viver Tudo o que somos, é apenas uma realidade transitória. Quando isso não é compreendido, surge o apego e, com isso, o medo da perda. É um dos medos mais fortes porque se torna um círculo vicioso. Quanto mais apego, mais medo; e quanto mais medo, mais apego. Deixar fluir e aceitar que tudo é transitório nos torna menos temerosos. (Budismo) O medo de viver a realidade. Vivemos realidades inventadas ou imaginadas porque não conseguimos aguentar a realidade e especialmente a sua mutabilidade. Na realidade nada é permanente. Por isso temos medo dela. Por isso preferimos viver no passado, de acordo com experiências já realizadas e que nos foram transmitidas pelas gerações passadas. Todo medo é mental. É uma construção da mente. Fabricada pelos nossos apegos. Só aceitando a mutabilidade da realidade   e vivendo-a no presente, conseguiremos ultrapassar o medo. O medo d esaparecerá quando encararmos a vida com confiança, v