DIA QUATRO

Aproximando-se o final do inverno, e no advento do começo da Primavera, e seguindo as tradições alquimistas, a 20 de Março completa-se o período do Rubedo (através do processo químico da projeção). Neste sentido, e dando complemento ao projeto final do Alnirus, realizei em duas partes (ou dois ensaios) uma performance sobre a janela da minha sala. A primeira realizada por volta das 16h, a outra um pouco antes da meia noite.
O dia concluiu-se com o acender de uma vela, à meia noite, em prol da cura do mundo. Este ritual, repetir-se-á todos os dias, durante o período da quarentena, e a vela arderá por 5 mn.

É preciso arrancar a cortina para fazer a luz entrar. A janela que espreitamos tem um filtro que nos impede de ver a verdadeira realidade, a realidade do exterior. O que vemos é sempre o filme daquilo que julgamos ser a nossa realidade, a nossa história, as nossas crenças, a nossa identidade. O Eu.
Esta janela não é de confiança. A janela é a nossa própria perceção. Porque somos o que pensamos e acreditamos ver o que julgamos ser a realidade. Ou seja, o que vemos é a nossa própria condição. Os nossos próprios condicionamentos.

E se não retirarmos os filtros que condicionam a mente, veremos sempre o mesmo filme, uma e outra vez.

"(Un)Trusted Window", video performance, 2020
"Healing the World", fotografia. 2020

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